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domingo, 24 de agosto de 2008

O Amor Romântico pós-Revolução Industrial: a função social do casamento


Até a Revolução Industrial, as pessoas habitavam os espaços comunitários do campo, estavam próximas aos membros da família, o que gerava uma sensação de acolhimento e aceitação. Na maior parte dos casos, os casamentos eram resultados de arranjos políticos e econômicos, por isso duravam a vida toda. Não havia por parte dos cônjuges, romance, expectativas de satisfação sexual e, talvez, por isso as decepções fossem mínimas. Na ausência de expectativas positivas, tudo o que ocorresse do ponto de vista afetivo-sexual, seria aceito sem qualquer intenção de contestação ou separação.
À medida que o processo de industrialização avançava, a vida urbana substituía a vida comunitária, as relações sociais e familiares tornavam-se mais afastadas. O conceito de família foi transformando-se, as grandes famílias que compartilhavam tudo, foram substituídas pela família nuclear- mãe, pai, filhos – convivendo sozinhos na cidade. Para suportar o afastamento dos familiares e dos amigos, introduziu-se no casamento o amor romântico.
O casamento não poderia mais estar associado apenas aos arranjos entre famílias. Ao homem caberia a missão de enamorar-se e conquistar seu objeto de desejo feminino; a mulher, por sua vez, deveria apresentar-se pura, ingênua, e submissa ao homem para que a conquistasse. Viver o amor romântico em plena era da racionalização do tempo, do espaço e do capital, foi o caminho que os casais encontraram para suportar o afrouxamento das relações sociais e o distanciamento da vida familiar.
O amor romântico remonta o amor cortês medieval, o guerreiro torna-se herói para conquistar e proteger a sua donzela indefesa, supondo-se que o encontro dos dois resultará em um casamento para toda a eternidade.
O casamento das sociedades pós-revolução industrial surgiu como forma de normatizar a vida e o amor e, ao mesmo tempo, protegendo a família enquanto expressão da propriedade privada e forma de continuidade da produção capitalista de existência.
Homens e mulheres pós-revolução industrial aprenderam que: só é possível amar uma pessoa de cada vez; o ser amado deve ser a única fonte de interesse e preocupação; qualquer atividade, da mais essencial a mais comum só tem graça quando pessoas amada estiver presente; homens e mulheres são socialmente obrigados a encontrarem a pessoa certa; entre muitas outras leis e convenções sociais forjadas para assegurar a lógica do casamento.
Diante das exigências impostas pela sociedade pós-moderna gera-se um conjunto de expectativas que acabam por fazer naufragar muitos relacionamentos que poderiam dar certo, casos os interessados enxergassem a si mesmos como individualidades únicas, com valores criados em universos diferentes.
No mito do amor romântico contemporâneo, muitas vezes, as relações não ocorrem com uma pessoal real, mas com uma inventada. Um projeta no outro tudo o que gostaria de ser ou tudo o que gostaria de encontrar no outro.
É claro que na intimidade do dia-a-dia, a idealização não tem sustentação, surgem as frustrações e o desencanto. Talvez seja por isso que se faça tanta música de dor de amor. E, para completar, todo mundo adora!!!

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