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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Os caminhos da Ciência

1.Breve Introdução
Este artigo tem por objetivo resgatar as três principais concepções de ciência presentes na História, analisando suas relações com o conceito de pesquisa e discutindo as conseqüências das mudanças dos paradigmas para o avanço do saber cientifico.
Para o senso comum, fazer ciência significa utilizar métodos e técnicas objetivos que garantem o acesso à verdade existente na realidade na qual o objeto está inserido. Assim, é considerado cientista todo aquele que utilizando métodos quantitativos consegue explicar a leis e características de um objeto visível na realidade.
Quando visitamos os caminhos percorridos pela ciência na História, compreendemos que essa visão que se mantém no senso comum até a atualidade, faz parte de uma das fases de constituição do saber cientifico. Fase que foi superada graças a atitude cientifica de desconfiar daquilo que aparentemente é uma verdade absoluta.Foi duvidando e problematizando suas próprias verdades que o saber cientifico avançou.
Talvez seja essa a principal diferença entre o conhecimento originário do senso comum e o conhecimento cientifico: enquanto o primeiro enxerga fatos e verdades absolutas, o segundo vislumbra problemas e aparências que precisam ser desvendadas.
2. Os caminhos da ciência e da pesquisa: três concepções
Um rápido olhar pela história permite identificar três concepções principais de ciência: racionalismo, que se estende do mundo grego até final do século XVII; empirismo, que se inicia em Aristóteles e na medicina grega, estendendo-se até o final do século XIX; construcionismo, muito presente no século XX, principalmente nas Ciências Sociais.
Para os racionalistas, a ciência era compreendida como um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo, direcionado a provar a verdade universal de seus enunciados e resultados. Nessa perspectiva, o saber cientifico era formado por axiomas, postulados e definições que existiriam a priori como representações da realidade, sendo função da pesquisa cientifica unicamente verificar e confirmar aquilo que já estava objetivamente definido na realidade.
Na concepção empirista, o objetivo do saber cientifico era interpretar a realidade a partir da observação e do uso da razão. Com a utilização de métodos de pesquisa rigorosos, o cientista tinha a função de produzir teorias capazes de explicar o objeto inserido na realidade a partir de suas propriedades, leis e funcionamento.
Nas duas concepções, não havia a intenção, nem a possibilidade de intervenção do saber cientifico sobre a realidade, o pressuposto que direcionava a pesquisa era de que a ciência servia para contemplar a verdade existente na Natureza.
A partir do século V, com a desagregação do Império Romano Ocidental e as invasões germânicas, a Europa passou por um período de retração das atividades urbanas e comerciais. O homem buscou segurança no isolamento da vida rural, feudos, e descanso para as inquietações do espírito na Igreja, religião. Isolados nos feudos e reconfortados por uma religiosidade que procurava explicar e controlar todos os aspectos da vida social, o homem medieval não abandonou por completo o trabalho intelectual, mas sua vivência cotidiana já não era orientada pelo racionalismo ou empirismo, o exercício da ciência constituía uma verdadeira aventura uma vez que para os padrões religiosos da época a linha entre feitiçaria e ciência era praticamente inexistente.
Somente com a crise do feudalismo, a partir do século X e as atividades das Cruzadas que promoveram a aproximação do europeu com o Oriente, o homem medieval foi retomando aspectos que ficaram abandonados por mais de cinco séculos, o comércio, a vida urbana, o uso da razão, foram gradativamente promovendo a passagem de uma cultura teocêntrica para uma cultura antropocêntrica.
O Renascimento em suas várias expressões (cultural, urbano, comercial) libertou o homem da Europa medieval, do isolamento dos feudos e do controle religioso, levando-o a reivindicar o lugar de centro do Universo.
Em um cenário marcado pela efervescência, o discurso cientifico passou a ser valorizado principalmente pela burguesia que precisava legitimar seus interesses sociais, econômicos e políticos. A crença em Deus não foi abandonada, mas ganhou maior racionalidade, principalmente com o advento da Reforma Protestante na Alemanha e sua posterior ampliação pela Europa.
Até o final do século XIX, racionalistas e empiristas ofereceram o instrumental teórico e metodológico para explicar os fatos da realidade. No entanto, vale destacar que embora ambos tenham surgido na antiguidade clássica, as dinâmicas sociais impuseram algumas mudanças na essência de ambas as concepções: a ciência à serviço de uma explicação contemplativa não atendia aos interesses da burguesia, era necessário o uso de técnicas que tornassem o homem senhor da Natureza.
A ciência moderna nasceu ligada à idéia de intervenção na Natureza, promovendo profundas transformações nos métodos de pesquisa e provocando uma reflexão sobre a relação sujeito/objeto.
Como filosofia e fé não bastavam para ordenar e dar significado a um mundo em constante transformação, o homem desenvolveu métodos e técnicas com o objetivo de racionalizar todos os processos produtivos, fossem eles intelectuais ou materiais. Pode-se afirmar que a partir de Descartes, para quem a ciência deveria assegurar o domínio sobre a Natureza, o saber cientifico assumiu o ponto central para o conhecimento da realidade.
No século XX, o ideal construcionista defendia um modelo de objetividade nascido da idéia de razão como conhecimento aproximativo da realidade, e combinou dois procedimentos, um vindo do racionalismo e outro do empirismo. Nessa concepção, ao mesmo tempo em que o cientista utiliza o método para estabelecer um quadro teórico sobre o objeto estudado, também espera que o método contribua para a modificação do modelo teórico existente.
Como o objeto é resultado de uma construção lógico-intelectual e metodológica, o cientista construcionista não tem por objetivo chegar a uma verdade absoluta sobre o objeto estudado, mas a uma verdade aproximada que pode ser corrigida, transformada ou abandonada por outra mais adequada.
3. Pesquisa Qualitativa ou Pesquisa Quantitativa?
Para o sociólogo Florestan Fernandes (1959, p.54-55) o “método é o mesmo em todos os ramos do saber”, ou seja, para toda e qualquer ciência existe um traçado geral das etapas que devem ser cumpridas para uma investigação cientifica. No entanto, deve-se reconhecer que nas ciências sociais, diferente das ciências naturais, existe uma maior dificuldade para isolar o objeto de estudo em um laboratório e quantificar suas características de forma isolada.
Da necessidade que as ciências sociais expressaram para garantir a cientificidade de seu objeto, surgiu o embate entre o método qualitativo e o método quantitativo. Isso não supõe a existência de uma abordagem superior a outra, significa que o tipo de problema e o objeto com o qual se trabalha é que acabam por definir o melhor método.
A pesquisa quantitativa é especialmente utilizada para testar uma hipótese em uma realidade determinada, onde o foco é conciso e limitado e precisa-se garantir certa generalização matemática. O pesquisador utiliza o raciocino lógico e dedutivo, mantendo-se distante do evento analisado e procurando estabelecer relações de causa e efeito entre os dados coletados. Teoricamente, há garantia de uma maior objetividade no resultado das análises.
A abordagem qualitativa trabalha com múltiplas realidades e a relação sujeito/objeto é muito próxima. A teoria é desenvolvida em um espaço que envolve, descrição, compreensão e interpretação, elementos carregados de subjetividade e que são compartilhados entre o sujeito-pesquisador e o sujeito-objeto, portanto, o raciocínio desenvolvido é dialético e indutivo comprometido com a qualificação das informações obtidas.
Mais do que a abordagem quantitativa, a abordagem qualitativa desperta questões éticas com relação a neutralidade do saber cientifico. Como a relação sujeito/objeto, na pesquisa qualitativa, ultrapassa os limites de um discurso estatístico, principalmente nas pesquisas realizadas na área das ciências sociais onde o pesquisador muitas vezes escolhe o seu objeto por questões ideológicas, o risco da perda da cientificidade por parte do pesquisador é muito grande.
Embora a produção do conhecimento encontre-se sempre associada a um sistema de valores, interesses e ideologias, social e historicamente definidos, ao trabalhar com a pesquisa qualitativa, o pesquisador deve evitar o erro de defender bandeiras ideológicas. A interação com o “outro” que além de objeto é também sujeito, não pode ser determinada pela intencionalidade de dar uma direção, de acordo com um projeto político particular.
Talvez o caminho ideal para uma pesquisa seja conciliar, sempre que possível as duas abordagens, reconhecendo que o projeto maior é “conhecer”, no sentido de garantir a autonomia de todos os sujeitos envolvidos e beneficiados pelo saber cientifico.

4. Crise de paradigmas e revolução cientifica
Segundo Thomas Khun (1962), “cientistas muitas vezes agem como se estivessem mais interessados em impedir o progresso cientifico do que em promovê-lo”. Isso ocorre porque as comunidades cientificas organizadas em torno de um paradigma tendem a não aceitar que o mesmo seja colocado à prova, refutado ou transformado.
Os paradigmas podem ser conceituados como um modelo teórico que serve como referência para o fazer cientifico de uma determinada comunidade de cientistas durante um período de tempo determinado, mas que tende a transformar-se diante da dinâmica da sociedade que exige transformações constantes dos modelos teóricos que estudam a sua realidade.
A necessidade de mudança de paradigma ocorre quando uma determinada comunidade cientifica percebe que o seu modelo teórico não é suficiente para explicar o fenômeno que estão estudando. Os conceitos, os modelos e procedimentos existentes oferecem uma barreira ao avanço do conhecimento, ou no dizer de Bachelard (1938) apresenta-se um “obstáculo epistemológico” que precisa ser superado com a elaboração de novos modelos teóricos e tecnológicos, que acabam por promover uma mudança em todo o conhecimento existente.
Para Thomas Khun (1962), esse momento de ruptura epistemológica ou quebra de paradigma, consiste em um momento de revolução cientifica, como foi por exemplo o surgimento da teoria de Copérnico ao substituir a teoria geocêntrica pela heliocêntrica.
A revolução cientifica é um momento bastante difícil para o cientista pois consiste em uma revisão de todas as suas crenças e valores, promovendo um abalo que o obriga a sair do espaço de conforto de sua teoria para mergulhar em uma zona de instabilidade que envolve o debate com membros de sua comunidade cientifica e de outras comunidades igualmente interessados ou não, no avanço da ciência.
Embora a ciência esteja confortavelmente segura no paradigma tradicional da neutralidade do saber cientifico, que eleva a ciência à categoria de saber verdadeiro e superior que avança de forma linear em uma idéia de progresso cientifico, os embates teórico-metodológicos são freqüentes e fazem com que a ciência caminhe por saltos e revoluções.










Referências Bibliográficas
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1982.
CARVALHO, Alex et al Aprendendo Metodologia Cientifica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, p. 11-69
FERNANDES, F. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. São Paulo:Companhia Editora Nacional, 1959.
KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 1989.

domingo, 14 de setembro de 2008

Um Pedido ...

Olá amigos e amigas, fãs do nosso blog.

Quero pedir desculpas a todos por não estar produzindo bons textos nos últimos dias. Prometo que não reclamarei da falta de tempo, só quero explicar que ando na correria de meio de semestre e, em breve, entrarei na correria de final de semestre.
Não contente com as mil tarefas cotidianss iniciei um curso que me toma muito tempo em leituras e organização de informações.

Prometo voltar a colocar posts interessantes... tenho dois artigos para publicar por aqui. Aguardem!!!!


Grande e carinhoso beijo a todos

sábado, 6 de setembro de 2008

Tempo. Tempo!!! Tempo???

A gente faz o tempo. Confesso que ultimamente estou inteiramente nas mãos dele, não consigo me organizar para ficar com Tempo para escrever.

Passei por aqui, correndo, só pra compartilhar uma mensagem que acabei de receber.




"Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.

Você não só não esquece a outra pessoa, como pensa muito mais nela...

Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...

Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...

Um dia percebemos que o comum não nos atrai...

Um dia saberemos que ser classificado como “bonzinho” não é bom...

Um dia saberemos a importância da frase “Tu se tornas eternamente responsável por aquilo que cativas...”.

Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém, mas não damos valor a isso...

Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...

Enfim...um dia descobrimos que apesar de viver quase 1 século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nosso sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...

O jeito é:

Ou nos conformamos com a falta de algumas coisas nas nossas vidas...

Ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...

Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicação!!!"


Beijos a todos

domingo, 31 de agosto de 2008

Pelas trilhas de Minas


Há alguns dias os aromas da tarde me trouxeram essa música à cabeça e fizeram-me sentir saudades das trilhas de Gonçalves - MG.



CHEIRO MINEIRO DE FLOR - Sá e Guarabira

Quero te ver chegando no meio da serra de manhã
Entre o brilho das matas e a calma da terra, ver
Em flor nosso lar, em flor nosso amor
Esperando na porta da casa que o tempo não venceu
Como se fosse tudo no mundo só teu e meu
Sentir sem parar arder esse amor
Difícil é viver longe desse teu cheiro mineiro de flor
Difícil é viver longe desse teu cheiro mineiro de flor
Difícil é viver longe desse teu cheiro mineiro
Longe desse teu cheiro mineiro de flor ô ô ô...
Acredito naquilo que corre no sangue de nós dois
Tenho fé no que ainda precisa chegar depois
O dom e o lugar de dar nosso amor
Como planta crescendo sem chuva no meio do verão
Ter guardado a esperança no fundo do coração
E o som que será canção e calor
Difícil é viver longe desse teu cheiro mineiro de flor
Difícil é viver longe desse teu cheiro mineiro de flor
Difícil é viver longe desse teu cheiro mineiro
Longe desse teu cheiro mineiro de flor ô ô ô...

domingo, 24 de agosto de 2008

O Amor Romântico pós-Revolução Industrial: a função social do casamento


Até a Revolução Industrial, as pessoas habitavam os espaços comunitários do campo, estavam próximas aos membros da família, o que gerava uma sensação de acolhimento e aceitação. Na maior parte dos casos, os casamentos eram resultados de arranjos políticos e econômicos, por isso duravam a vida toda. Não havia por parte dos cônjuges, romance, expectativas de satisfação sexual e, talvez, por isso as decepções fossem mínimas. Na ausência de expectativas positivas, tudo o que ocorresse do ponto de vista afetivo-sexual, seria aceito sem qualquer intenção de contestação ou separação.
À medida que o processo de industrialização avançava, a vida urbana substituía a vida comunitária, as relações sociais e familiares tornavam-se mais afastadas. O conceito de família foi transformando-se, as grandes famílias que compartilhavam tudo, foram substituídas pela família nuclear- mãe, pai, filhos – convivendo sozinhos na cidade. Para suportar o afastamento dos familiares e dos amigos, introduziu-se no casamento o amor romântico.
O casamento não poderia mais estar associado apenas aos arranjos entre famílias. Ao homem caberia a missão de enamorar-se e conquistar seu objeto de desejo feminino; a mulher, por sua vez, deveria apresentar-se pura, ingênua, e submissa ao homem para que a conquistasse. Viver o amor romântico em plena era da racionalização do tempo, do espaço e do capital, foi o caminho que os casais encontraram para suportar o afrouxamento das relações sociais e o distanciamento da vida familiar.
O amor romântico remonta o amor cortês medieval, o guerreiro torna-se herói para conquistar e proteger a sua donzela indefesa, supondo-se que o encontro dos dois resultará em um casamento para toda a eternidade.
O casamento das sociedades pós-revolução industrial surgiu como forma de normatizar a vida e o amor e, ao mesmo tempo, protegendo a família enquanto expressão da propriedade privada e forma de continuidade da produção capitalista de existência.
Homens e mulheres pós-revolução industrial aprenderam que: só é possível amar uma pessoa de cada vez; o ser amado deve ser a única fonte de interesse e preocupação; qualquer atividade, da mais essencial a mais comum só tem graça quando pessoas amada estiver presente; homens e mulheres são socialmente obrigados a encontrarem a pessoa certa; entre muitas outras leis e convenções sociais forjadas para assegurar a lógica do casamento.
Diante das exigências impostas pela sociedade pós-moderna gera-se um conjunto de expectativas que acabam por fazer naufragar muitos relacionamentos que poderiam dar certo, casos os interessados enxergassem a si mesmos como individualidades únicas, com valores criados em universos diferentes.
No mito do amor romântico contemporâneo, muitas vezes, as relações não ocorrem com uma pessoal real, mas com uma inventada. Um projeta no outro tudo o que gostaria de ser ou tudo o que gostaria de encontrar no outro.
É claro que na intimidade do dia-a-dia, a idealização não tem sustentação, surgem as frustrações e o desencanto. Talvez seja por isso que se faça tanta música de dor de amor. E, para completar, todo mundo adora!!!

domingo, 17 de agosto de 2008

O amor romântico e a prática social: a herança medieval



Desde a Grécia antiga, o amor era compreendido como um sentimento unificador, sublime. Para Platão, o amor é falta, necessidade, desejo de conquistar e preserva o que se conquistou; o amor é dirigido à beleza, aparência do bem; em Aristóteles, o amor sexual é uma afeição capaz de conduzir à amizade; de forma geral, para os filósofos, ninguém seria atingido pelo amor se não fosse ferido pelo prazer da beleza.
Durante a Idade Média, o amor passou a ser considerado uma virtude própria daqueles que viviam nas cortes, portanto enquanto cortesia seria uma virtude essencialmente laica própria de reis e príncipes, habitantes dos castelos que se multiplicaram no século XII.
O camponês não amava, de acordo com o conceito medieval de amor pois o amor cortês era uma cultura das elites, era a expressão do refinamento dos costumes através da polidez, da arte de viver, da sociabilidade e, principalmente, da fina educação do homem para com a mulher.
Saber expressar o amor de forma gentil, essa foi a principal fase da transição do homem-guerreiro para o homem-cortesão. Essa revolução silenciosa e amorosa foi tão marcante no imaginário do ocidente que os termos que expressam hoje o nosso “amor romântico” e o ambiente de sedução que definem o envolvimento entre duas pessoas de sexos opostos surgiram na primeira metade do século XII.

Para Howard Bloch, pesquisador e crítico do amor cortês, a noção de fascinação romântica que controla o que dizemos hoje sobre o amor, o discurso dos amantes, as ações e negociações das relações amorosas com o social, o imaginário erótico e até as escolhas feitas por nós não existiam na tradição judaica, germânica, árabe ou hispânica, são próprias do século XII, do momento em que o guerreiro torna-se cavalheiro.

O nascimento do amor no século XII, foi um dos melhores legados que a Idade Média deixou para os tempos seguintes. A analise mais cuidadosa o períodos pode ser feita com base documental em algumas passagens de poesias líricas trovadorescas - sabemos da existência de quatrocentos e sessenta trovadores -, a obra de André Capelão (Tratado do Amor Cortês , c. 1186), algumas passagens dos Lais de Maria de França (contos em versos octossilábicos do século XII) ; três iluminuras do Livro de Canções de Heidelberg (Codex Manesse, do século XIV) e uma tapeçaria alemã (c. 1320-1330) intitulada Maltererteppich.

É evidente que buscar a vida real tanto através da prosa e da poesia quanto das imagens é sempre uma dificuldade. Duas questões se colocam diante do historiador: até que ponto elas retratam a realidade da época? Textos literários e (imagens) podem servir de parâmetro para o historiador que busca a existência concreta da vida humana? Marc Bloch já vislumbrou esse delicado problema. E ofereceu uma resposta: embora a poesia medieval tendesse a dissociar-se do “sentimento da carne”, ela não impediu que homens - e mulheres - continuassem a se satisfazer “assaz brutalmente” . Com certeza, a literatura diz muito sobre as atitudes e as aspirações humanas, do mesmo modo que as imagens.

sábado, 16 de agosto de 2008

O Amor Romântico e a Prática Social- Uma Introdução


A reflexão de hoje ainda não está concluida, é apenas uma introdução a uma série de conexões e descobertas em busca da compreensão do mito do amor romântico.


O ser humano é complexo e tentar compreender seu universo de relações é tarefa difícil, basta considerarmos os diferentes fatores que interferem e possibilitam a construção da subjetividade.
No processo de construção de sua subjetividade, o ser humano estabelece relações interpessoais carregadas de crenças, códigos e valores culturais e sociais historicamente determinados. No encontro de uma relação de casal, homens e mulheres buscam uma adequação de seus universos de valores, lutando para permanecerem juntos e ao mesmo tempo, respeitarem a autonomia, a liberdade e o crescimento pessoal de cada parte. Talvez, a tarefa mais difícil do “viver junto” seja equilibrar a subjetividade com os valores sociais previamente determinados.
Não podemos desconsiderar que as formas de amor, de casamento, de sexualidade evoluem, e modelos já constituídos, são postos em discussão constantemente. Novos paradigmas são instituídos e cada vez mais o espaço para novos arranjos relacionais se expande na busca de maior bem estar.
Procurar compreender ou discutir a relação de casal, significa pensar num espaço de intersecção de dois indivíduos que precisam aprender a conviver e construir suas subjetividades, trocando e convivendo com valores sociais herdados de suas origens familiares e sociais. Portanto, quando se está numa relação a dois deve-se considerar que há um espaço de construção subjetiva individual em intersecção com o social, que está diretamente ligada à dinâmica estabelecida na relação de casal. “Somos frutos de um casal, vivemos como casal, estamos rodeados de casais e, no entanto, é surpreendente a nossa dificuldade de falar concretamente sobre o casal”.(CAILLÉ, 1994:19)

continua...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Nos caminhos de Nefertite


Embora sejam poucos os dados históricos disponíveis, os indícios sugerem que Nefertiti foi uma mulher de personalidade marcante, criativa e cheia de engenhosidade, que teve participação ativa nos eventos político-religiosos da XVIII Dinastia. É preciso fixar-se no fato de que esta dinastia marcou o início do período mais brilhante do antigo Egito, um renascimento sem precedentes, o chamado Novo Império (1570-1085 AC). Entre seus governantes sobressaem os nomes de Hatsheput, Thutmose III, Akhenaton, Seti I e Ramsés II.

Também, é preciso entender que no antigo Egito a figura político-religiosa central era o Faraó, que exercia sua autoridade máxima, inspirada no ensinamento e no poder dos deuses, dos quais se considerava um filho. O Faraó, em poucas palavras, era o Estado, a concentração do poder num só homem, um deus vivo. Foi o caso de Amenofis IV ou Amenothep IV, como era chamado no início de seu reinado, e que mais tarde mudou seu nome para Akhenaton. Este Faraó da XVIII dinastia, esposo de Nefertiti, desde cedo, empolgado por ideais revolucionários, assume como sacerdote supremo do novo deus-sol, Aton, e por ele instituído como uma divindade única e absoluta. O jovem Faraó deificava assim a luz do sol ou o seu calor vital como fonte de toda a vida. Bem cedo ficou claro para a casta dominante dos sacerdotes que Amenofis estava expulsando o antigo e tradicional deus Amon com todo o séquito de deuses subalternos. Criou-se assim, e isso é fantástico, a primeira religião monoteísta da civilização.

Como era de se esperar, um conflito implacável entre os poderosos, sacerdotes politeístas e o Faraó de um deus único, tornou-se inevitável. Amenofis, radical, muda seu nome para Akhenaton - "benéfico para Aton" - e funda a nova cidade de Akhenaton (atual Tell el-Amarna, ao sul de Tebas). Tamanha revolução, violentando todas as tradições mais antigas e sagradas do Egito, deve ter sido uma experiência devastadora para o jovem soberano e sua esposa.

A importância de Nefertiti na vida político-religiosa se fez sentir desde cedo: Akhenaton construiu vários templos, dois deles dedicados a ela. Este foi um episódio inusitado para uma época na qual o poder político-religioso da mulher era praticamente inexistente. Em toda a história do Egito faraônico, que compreendeu 2.500 anos, apenas quatro mulheres reinaram com poderes absolutos de Faraó, em contraposição aos 123 Faraós homens. Foram elas: Nitokris, da 6ª dinastia; Sober-Nofru, da 12ª dinastia; Hapschepsut, regente de Thutmosis III, e depois rainha por vinte anos e Tawosret, regente de Siptaah, e que assumiu o poder após a morte do pequeno Faraó. Merece menção o fato de que as duas primeiras rainhas mencionados reinaram ambas em épocas tormentosas, quando o poder central ameaçava escapar.

Na proporção mencionada de Faraós homens e Faraós mulheres, fica claro que, no ápice da pirâmide social, o homen ocupava um lugar predominante, não existiam direitos iguais na sucessão de regência para príncipes e princesas da casa real. Enfim, uma sociedade machista por excelência, na qual as mulheres não formavam um grupo próprio e definido sob o ponto de vista sócio-econômico; aparecem juntas com pais, irmãos, marido e filhos e sem projeção social. Dependem do status do homem. O conceito "mulher", como figura social dominante, praticamente não existia. Neste clima, pois, patriarcal, o fato de o Faraó dedicar dois templos à Nefertiti, uma mulher, é algo extraordinário e jamais visto até então. É por essa razão que Ray Smith, arqueólogo da universidade da Pensilvânia, escreve dizendo que "a influência de Nefertiti sobre seu marido não encontra similar na História do Egito". A biotipologia fornece outra pista interessante para ressaltar o poder de Nefertiti sobre o Faraó: enquanto a sua estatueta sugere uma mulher de caráter forte e independente, a arte mostra Akhenaton como um homem de crânio disforme, corpo andrógino, músculos murchos e barriga estufada.

Akhenaton e Nefertiti foram os primeiros idealistas uma longa série de revoltosos contra a tradição e contra a aceitação cega do passado. Contudo é apenas Akhenaton que é citado na literatura como o 1º regente monoteísta da história, o primeiro profeta do internacionalismo e a figura mais proeminente do mundo antigo antes dos Hebreus. Seu monoteísmo foi genuíno e inovador e, talvez, por isso mesmo, suas reformas religiosas foram detestadas. A revolta da Akhenaton custou caro, e as tentativas de esmagar o poderoso sacerdócio fracassaram. Suas cidades, seus ideais, seus templos, Aton, todos foram arrasados e o culto de Amon com os seus deuses satélites foi restabelecido. O fim de Akhenaton e de Nefertiti ficou mergulhado em denso mistério e nada se sabe dos pormenores da sua morte. Simplesmente desaparecerem, após trajetória fulgurante que marcou importante período da história da civilização.

sábado, 9 de agosto de 2008

Nefertite, a mulher mais bela do mundo


A rainha Nefertite era considerada pelo antigos egípcios como a mais bela mulher do mundo. Esposa do faraó Aquenaton, madrasta do faraó menino Tutancamon, Nefertite foi uma das mulheres mais poderosas do Egito

Porém, embora muito já tenha sido descoberto sobre ela, até agora sua múmia era considerada perdida e um tesouro cobiçado. Uma equipe de arqueológos ingleses, chefiados por, Joann Fletcher, localizou a múmria da rainha. Segundo a especialista em mumificação da Universidade de York, na Inglaterra, disse que a múmia de Nefertite estava numa câmara secreta, no Vale dos Reis, em Luxor.

O nome Nefertite significa "bela mulher". A tumba fica próxima ao local onde foi encontrado o sarcófago dourado de Tutancamon, que governou o Egito no XIV século a.C. A descoberta, que precisará ser comprovada por equipes independentes, é resultado de 12 anos de busca.

A beleza de Nefertite foi imortalizada num busto do século XIV a.C., exibido no Museu de Berlim. A rainha foi identificada pelas jóias e pela posição como foi mumificada.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Meu dia de chuva


Hoje o dia está deliciosamente chuvoso.

Vontade de ficar em casa, na cama, lendo um livro, ouvindo música, assistindo um bom filme ou ... sei lá. Sei lá é sempre muito bom, principalmente em dias de chuva.

Não farei grandes reflexões teóricas, estou aqui, sentada de forma aconchegante pertinho do meu gato, observando a chuva cair por entre as árvores. Que imagem indescritível!!! Apesar de ser solar, sinto-me iluminada pela chuva, feliz, renovada.Vai ver tudo isso é devido a proximidade do meu aniversário, afinal estou em transformação.

Para fechar com chave de ouro, ai vai um pouco do meu poeta , escritor, filósofo, cientista, favorito: Fernando Pessoa no heterônimo de Alberto Caeiro, em Poemas Inconjuntos.


Um dia de Chuva

'Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.Ambos existem; cada um como é.'

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sair do sonho para a realidade: Ser Empreendedor



Para o pensador Fernando Dolabela, o empreendedorismo é um “fenômeno cultural”. Assim, podemos concluir que todos nós temos um potencial empreendedor, desenvolvido ou não em decorrência da questão cultural. Indivíduos que vem de uma família empreendedora, muito provavelmente serão empreendedores.
Mas ser empreendedor não implica apenas em abrir o próprio negócio, indivíduos que ousam sair do lugar comum e conquistar novos caminhos em suas vidas particulares também podem ser considerados empreendedores. Portanto, sem ficar presa ao conceito, ouso definir empreendedor como sendo o indivíduo que “transforma pensamento em ação”. O indivíduo empreendedor sonha e tem coragem de realizar com ousadia. O não-empreendedor, sonha e passa a vida sonhando e tudo se concretiza apenas no espaço onírico.
Sair o sonho para a realidade exige do indivíduo sólidos alicerces, tais como: iniciativa para tomar decisões, coragem para inovar e inventar, ser autoconfiante, ousadia para correr riscos, ser motivado pela auto-realização, ter profundo conhecimento do que quer, ter habilidades gerenciais e espírito de líder. Como sou movida pelo sentir, acrescento que o indivíduo empreendedor tem que ter paixão e entusiasmo, respeito pelas pessoas, persistência e disposição para aprender com os erros., coragem para nadar na direção oposta aos demais.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Imaginação, determinação e vontade: Ser Empreendedor


De acordo com Joseph A. Schumpeter, economista austriaco, no livro "Capitalismo, socialismo e democracia", publicado em 1942 o conceito de empreendedor encontra-se associado ao desenvolvimento econômico. Segundo ele, o sistema capitalista tem como característica inerente, uma força que ele denomina de processo de destruição criativa, fundamentando-se no princípio que reside no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; em síntese, trata-se de destruir o velho para se criar o novo.
Pela definição de Schumpeter, o agente básico desse processo de destruição criativa está na figura do que ele denominou de empreendedor.
Numa visão mais simplista, podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação. "Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões" Filion .
Ser empreendedor significa, acima de tudo, ser um realizador que produz novas idéias através da congruência entre criatividade e imaginação. Seguindo este raciocínio; a professora Maria Inês Felippe, defende a idéia de que o empreendedor, em geral, é motivado pela auto-realização e pelo desejo de assumir responsabilidades e ser independente. Considera irresistíveis os novos empreendimentos e propõe sempre idéias criativas, seguidas de ação. A auto-avaliação, a autocrítica e o controle do comportamento são características do empreendedor que busca o autodesenvolvimento. Para se tornar um empreendedor de sucesso, é preciso reunir imaginação, determinação, habilidade de organizar, liderar pessoas e de conhecer tecnicamente etapas e processos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Senhor do Tempo


As aulas recomeçaram e ando correndo no tempo e contra ele: programas para cumprir, livros para ler, projetos a encaminhar, artigos para escrever.
Teoricamente o tempo é fluido, podemos fazer o que bem desejarmos com ele, mas na prática ele é linear, objetivo e ficamos "encaixotados" no tempo finito do relógio.
Talvez o relógio tenha sido uma das melhores invenções do capital, vivemos o tempo da produção e não o tempo do sentimento. Até para sentir, desejar, ser, precisamos pedir permissão ao senhor do tempo: o relógio.
Mais uma vez recorro à música para expressar o meu sentir e a minha falta de tempo. Expressão da minha falta de criatividade? Talvez. Sem tempo para ser criativa, mas com muito tempo para viajar no tempo.

Não Tenho Tempo

Zeca Baleiro

Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em rancas nuvens
Eu não vou passar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar (2x)
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Em órbita - Jorge Vercilo

Quero ter você pelo simples fato de ter tudo a ver,
Não dá pra disfarçar
Céu do bem-querer, tua boca linda, lua sobre o mar
Decifra-me ou te devoro!Sabe ler meu olhar ?
Fissura é pouco, amor
Eu sinto que é mais fundo que o mar
Êxtase, frênesi
É todo meu viver
Em órbita há dias por você
Quero ter você
Muito mais que um dia eu sonhei querer
É só você chegar
Pra me enlouquecer,
Brilho espontâneo de oceano e mar
E um Mediterrâneo noAzul do olhar, ah, meu Deus!
Deslumbre é pouco, amor
Eu digo que é mais fundo que o mar
Êxtase, frênesi
É o céu do meu viver
Em órbita há dias por vocêSabe ler meu olhar ?
Fissura é pouco, amor
Eu sinto que é mais fundo que o mar
Êxtase, frênesiÉ todo meu viver
Em órbita até pousar, em órbita até descerEm órbita há dias por você

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sair do lugar comum


A motivação individual depende 80% da capaciade de ação do indivíduo. Os fatores externos: colegas, amigos, família, empresa, chefia, sociedade e tudo mais exerce menor influência. Portanto, para que um indivíduo esteja motivado a fazer algo é necessário vontade, interesse e inciativa para sair do lugar comum.

Já que os fatores externos não são os determinantes da motivação individual, pode-se concluir que ambientes de trabalho maravilhosos, amplos, arejados e cheios de facilitadores para as atividades diárias não impedem que os indivíduos que ali trabalham sejam desmotivados.

Ninguém é capaz de motivar alguém a realizar alguma coisa, se esse alguém não tiver interesse ou necessidade de aprender. Então, o que fazer para acionar os fatores motivadores internos do indivíduo? Talvez um primeiro passo seja provocar o interesse e gerar uma necessidade no indivíduo; um segundo passo, é saber alimentar o interesse e a necessidade através de situações problema, provocando a criatividade e o raciocínio lógico e por último, valorizar as descobertas e avanços do indivíduo para que ele busque a superação e avance para novos problemas.


domingo, 27 de julho de 2008

O encantamento da Flauta Transversal


A flauta é um dos instrumentos mais antigos que se conhece, feita de tíbia ou tubos de bambu ganhava destaque em rituais religiosos ou momentos festivos. Graças ao seu som melodioso, timbre doce e suave, estava associada a seres mitológicos ou sagrados.
A Flauta reta (flauta doce) e a flauta transversal (flauta de concerto), até o século XVI, dividiam importância no campo da instrumentação. Em 1871, o flautista Theobald Boehm, aperfeiçoou a flauta transversal dando-lhe as características conhecidas até hoje e acentuando-lhe o destaque na orquestra sinfônica.
No interior de uma orquestra sinfônica, há geralmente três flautistas no “núcleo da orquestra” onde localizam-se o oboé, a clarineta e o fagote, todos instrumentos relacionados ao solo da melodia. È bastante comum que as flautas estejam associadas aos violinos, com o objetivo de acrescentar-lhes suavidade e brilho em passagens rápidas e salteadas.
De acordo com o maestro Sérgio Magnani, o som da flauta é muito particular: o grave á aveludado, sensual e misterioso; o registro central é sonhador evocando uma atmosfera de pureza e encantamento; o agudo é penetrante, pode soar de forma estridente se não for tocado com cuidado.
Em sua origem, a flauta transversal era feita de madeira, com o tempo passou a ser fabricada em prata ou outro metal, capazes de conferir uma maior intensidade e afinação ao som.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Entre o Mar e a Montanha

Fim de férias... hora de voltar pra realidade e aguardar (em contagem regressiva) as próximas férias.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Escadas e degraus

Hoje, sem grandes comentários, vou apenas compartilhar uma reflexão de Thomas Huxley que as pessoas costumam associar a mensagens de auto-ajuda. Para mim, especialmente hoje, é apenas uma citação.

Para quem não sabe, Thomas Henry Huxley(1825-1895) foi uma espécie de confidente de Darwin antes da publicação da Origem das Espécies e um dos principais defensores da teoria da evolução. Como Darwin não era bom orador, ficava para Huxley a missão de representá-lo em debates e conferências sobre sua teoria.

O degrau de uma escada
O degrau de uma escada

não serve simplesmente

para que alguém permaneça

em cima dele...

Destina-se a sustentar o pé de um homem

pelo tempo suficiente para que ele coloque

o outro um pouco mais alto!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O equilíbrio possível

Segundo Roberto T.Shinyashiki, em seu livro Amar pode dar certo, a relação homem/mulher é sustentada por um tripé formado por três características: admiração, respeito e confiança. Na ausência de uma das três a relação corre o risco de ficar comprometida e não ser duradoura.
A admiração relaciona-se com a capacidade que cada ser humano tem de conectar-se com o belo que existe no outro, não apenas uma beleza física mas os aspectos da beleza interior que escapam em um olhar, um gesto, um sorriso, uma capacidade intelectual.
O respeito surge quando os limites do outro são reconhecidos e valorizados. É a partir do respeito que se desenvolve a consciência de que não faremos, ou diremos, qualquer coisa que possa desvalorizar o outro ou fazê-lo sofrer.
A confiança é a sensação de que temos um porto seguro, aconteça o que acontecer teremos sempre alguém para contar, compartilhar alegrias e tristezas. Quando existe confiança, nos revelamos ao outro, em nossos aspectos mais sutis, em nossas inseguranças, fantasias, medos e desejos. Vale destacar que só conseguimos confiar em alguém quando somos confiáveis.
Ainda não se sabe, se o amor é que produz as três características citadas ou se a soma das três características origina o amor. Qual a sua opinião?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Conhecendo a própria essência



No oriente, meditar significa entrar num estado de consciência onde se torna mais fácil compreender a si mesmo. Segundo os mestres indianos, a meditação permite que mergulhemos em nosso mundo interior de pensamentos e sentimentos e assim possámos nos conhecer um pouco melhor.
A prática da meditação envolve dois objetivos fundamentais: o primário, consciência e familiaridade com a vida interior; o final, alcançar a fonte da vida e da consciência, a Luz Suprema, Deus.
Através da meditação vamos prestar atenção e descobrir como funcionamos. Como agimos em determinadas situações, porque respondemos uma coisa quando gostaríamos de dizer outra, porque fugimos daquilo que mais queremos, porque vivemos mergulhados na ansiedade, na depressão e no cansaço quando queremos apenas a tranqüilidade.
Grande parte da confusão que nos atinge diariamente é criada pela mente. Podemos dizer que ela é o instrumento de nossa consciência e contém a somatória de nossos condicionamentos, padrões de pensamento, nossa memória e nosso lado racional. A mente pode ser comparada a um mar agitado. Ao ver a lua refletida no mar turbulento poderíamos supor que a própria lua é algo disforme e agitado, mas estaríamos totalmente enganados. Da mesma forma, quando olhamos para o reflexo do nosso Eu-Superior no mar inquieto de nossa mente, não conseguimos perceber sua verdadeira natureza, não atingimos a nossa verdadeira essência.
Meditar é aquietar os pensamentos, serenar a mente para que possamos reconhecer com clareza nossa essência. Durante esse processo de aquietar a mente nos damos conta de nossos padrões de pensamento e de ação e, assim, podemos transformá-los, buscar melhores caminhos para agir, aprendemos a Ser em Essência.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Aprendendo com meu gato

Elegante, misterioso e com um olhar que parece dizer "Eu te escolhi. Sou seu dono". Assim é o meu gato.
Sabe pedir e dar carinho na medida certa, concorre com livros, computador, música, tv e ao seu jeito, sempre conquista a nossa atenção.
Não adianta alimentar expectativas com relação aos seus desejos e sentimentos. Com personalidade forte, decidida e independente, nos surpreende a cada dia e ocupa cada vez mais espaços, em casa e no coração.
Quando quer receber carinho, chega pertinho, olha nos olhos, ronrona e passa o corpo carinhosamente em nossas pernas. Quando é acariciado demonstra contentamento, morde delicademente e imediatamente, como se tivesse saciado seus desejos, parte para suas descobertas e bagunças cotidianas.
Se tentamos fazer carinho sem que ele esteja disponível, frustração total! O tempo dele é dele e de mais ninguém, por isso temos que aproveitar ao máximo a sua disponibilidade.
Seu senso de liberdade é fascinante, mas sabe reconhecer limites. Quando apronta, corre para procurar um lugar seguro para esconder-se e, passado o susto inicial, volta a aparecer com carinha de inocente pedindo desculpas e fazendo gracinhas com o rabo.
"Aprendo muito com o meu gato", todos os dias ele me dá lições de liberdade, ousadia, amizade e afeto.

domingo, 20 de julho de 2008

Apenas uma Conexão

Final de domingo é sempre impactante.
Saudades e expectativas misturam-se em uma dança estonteante; saudades das delicias que marcaram o final de semana e a semana que passou e expectativas com relação às vivências que marcarão os novos dias.
Por vezes acho que sinto demais, talvez fosse melhor sentir menos!!!
Para resumir o meu sentir, recorro a um trecho do poema de Álvaro de Campos, em Afinal.


Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.
(...)


E lá vou eu, rumo a mais uma emocionante semana de férias.

sábado, 19 de julho de 2008

Re-visitando Paraty




Essa ai na foto sou eu, totalmente encantada com a cidade de Paraty vista do alto da trilha que vai para o Forte Defensor Perpétuo, o único que existe hoje na cidade.
O Forte foi construído em 1703 para proteger a cidade das invasões dos piratas . Para alguns historiadores, o Forte deu origem ao primeiro núcleo do povoado que inicialmente era conhecido como Vila Velha. Em 1822, o Forte passou a chamar-se Defensor Perpétuo em homenagem ao Imperador D. Pedro I.
Sem grandes reflexões, o momento era para entregar-se às energias circulantes e viajar ao passado. Por instantes fiquei imaginando a efervescência daquele lugar no século XVIII: os escravos realizando suas tarefas cotidianas, os senhores acompanhando tudo de perto a fim de impedir o desvio dos lucros da Coroa, os filhos das camadas mais pobres correndo e brincando nas ruas lavadas pelas águas da maré, as senhoras ensinando suas filhas a comportarem-se como damas parisienses ou inglesas.
Observar a cidade de Paraty provoca o imaginário e convida a sair do lugar comum para desvendar os mistérios do passado que impregnam os espaços da realidade próxima, é como se existisse um portal ligando duas dimensões da realidade: passado e presente misturam-se em uma espécie de déjà vu.
Gosto de re-visitar Paraty em minhas viagens reais e imaginárias, é como se encontrasse ou retornasse ao meu cantinho no mundo, um lugar para simplesmente ser e sentir.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Mar: meu elemento simbólico

Finalmente encontrei um tempinho para realizar uma das atividades que me enchem de prazer: escrever.
Não posso reclamar, sai da rotina, fui admirar o mar. Estava mesmo precisando sentir a energia das ondas, o calor do sol e a textura da areia em contato com a pele.
Como a praia estava praticamente deserta, foi possível observar o encantamento das pessoas diante do mar. Particularmente o mar exerce sobre mim uma magia indescritivel, sinto-me invadida por uma emoção que não conseguiria jamais verbalizar. Embora minha essência simbólica seja o Sol, o mar sempre alimentou o meu imaginário de forma bastante positiva desde a infância.
Refletindo sobre o simbolismo do mar, quero compartilhar algumas anotações pessoais sobre o significado social dos simbolos:

O símbolo é algo cujo valor ou significado é atribuído pelas pessoas que o utilizam. Em nossa sociedade, por exemplo, a aliança é um objeto que simboliza a união entre os cônjuges. Do ponto de vista religioso, a cruz, seja ela de que material for, simboliza a fé.
Qualquer coisa pode tornar-se um símbolo. As pessoas atribuem significados a um objeto, uma cor, um hino,um gesto ou um olhar, e estes se tornam símbolos de algo, como a riqueza, o prestígio, a posição social elevada. Por exemplo, entre nós, a cor que simboliza o luto é o preto; entre os povos orientais, é o branco. Esse exemplo mostra que os símbolos são convenções. Ou seja, cada sociedade ou grupo social pode se utilizar de símbolos diferentes para exprimir o mesmo significado.
A linguagem também é um conjunto de símbolos. As palavras menino, boy, garçon e bambino significam todas “crianças do sexo masculino”, respectivamente em português, inglês, francês e italiano. A linguagem é a mais importante forma de expressão simbólica. Sem a linguagem não haveria organização social humana, em nenhuma de suas manifestações: política, econômica, religiosa, militar. Sem ela provavelmente não existiria nenhuma norma de comportamento, nenhuma espécie de lei, nenhuma criação literária ou cientifica tal como as concebemos hoje.
A criança amadurece e se socializa à medida que aprende a usar símbolos. Podemos dizer que todo comportamento humano é simbólico e todo comportamento simbólico é humano, já que a utilização de símbolos é exclusividade da espécie humana. Sem os símbolos não haveria cultura.

Leia a seguir um texto extraído do livro O Homem e seus símbolos, do psicanalista suíço Carl Jung (1875-1961).
"Símbolos Sagrados: a pedra e o animal
A história do simbolismo mostra que tudo pode assumir significado simbólico: os objetos naturais (como pedras, plantas, animais, seres humanos, montanhas, vales, o Sol e a Lua, a água e o fogo) ou as coisas feitas pelo ser humano (casas, barcos, carros), ou, ainda, formas abstratas (os números, o triângulo, o quadrado e o círculo). De fato, todo cosmo é um símbolo possível.
O ser humano, com sua propensão para criar símbolos, transforma inconscientemente objetos e formas em símbolos (dotando-os, portanto, de grande importância psicológica) e os expressa em sua religião e em sua arte visual. A história entrelaçada da religião e da arte, remontando aos tempos pré-históricos, é o relato que nossos antepassados deixaram dos símbolos que para eles eram significativos.
(...)"

Todas as nossas ações são permeadas de elementos simbólicos. Símbolos que falam por nós e revelam alguns dos aspectos mais sutis de nossa personalidade.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Iniciando a trajetória

Ainda estou em fase de conclusão e revisão dos artigos que pretendo publicar por aqui.
Para começar o aquecimento, lanço uma música da Rita Lee que nos remete a uma reflexão sobre a essência da alma humana, revelando aquilo que ela tem de mais sagrado e ao mesmo tempo profano.

AMOR E SEXO (Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor)
Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval

Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora


Díficil identificar qual é o elemento sagrado e qual é o elemento profano?